MINERAIS E USO DE GLICOCORTICÓIDES E A SUA RELAÇÃO COM A DENSIDADE MINERAL ÓSSEA NA DOENÇA DE CROHN
Doença de Crohn. Densidade Mineral Óssea. Glicocorticóides. Minerais.
INTRODUÇÃO: Estudos têm mostrado redução na densidade mineral óssea (DMO) em pacientes com doença de Crohn (DC), e aumento na prevalência de osteopenia e osteoporose nesses pacientes. Nesse contexto, tem-se investigado o impacto que fatores nutricionais, clínicos e terapêuticos podem ter para ocorrência dessa perda óssea. Este estudo analisou a relação entre o consumo alimentar de minerais e o uso de glicocorticóides e a densidade mineral óssea em pacientes com doença de Crohn. MÉTODOS: Estudo de corte transversal, envolvendo 62 pacientes com DC, com idade de 16 a 40 anos, nas fases ativa e de remissão da doença. Foram realizadas medidas do índice de massa corpórea (IMC), bem como estimadas a ingestão de macronutrientes e micronutrientes, por meio do registro alimentar. O padrão de ingestão de referência utilizado para macronutrientes foi a faixa de distribuição aceitável de macronutrientes e, para os micronutrientes, utilizou-se os valores de necessidade média estimada propostos pelas DRIs. O efeito dos glicocorticóides na terapêutica da doença foi investigado em relação a DMO. A DMO foi realizada pelo método de densitometria óssea (DEXA) na coluna lombar e colo do fêmur. Foram avaliados os valores de PCR (proteína C reativa ultra-sensível), VHS (velocidade de sedimentação das hemácias), albumina e ferritina. Os dados foram organizados no programa estatístico SPSS for Windows 18.0. Utilizou-se testes estatísticos para variáveis paramétricas e não paramétricas, adotando-se o nível de significância de 5% na decisão dos testes. RESULTADOS: O consumo dos minerais cálcio, zinco e magnésio encontravam-se abaixo dos valores de referência e normais para o consumo de fósforo. A média de ingestão de macronutrientes encontrava-se dentro das faixas de recomendação. Em relação ao IMC, 45,2% dos pacientes eram eutróficos e 37,1% apresentavam sobrepeso e obesidade. A albumina encontrava-se dentro dos valores de referência, e a ferritina com valor médio de 110,91ng/ml. Os marcadores inflamatórios, PCR (16,35) e VHS (24,52), tiveram valores médios acima da faixa de normalidade. A osteopenia e osteoporose apresentaram percentuais de 17,7% e 14,5%, respectivamente. Quanto ao uso de glicocorticóides, 22,6% dos pacientes utilizaram essa terapêutica, e apresentaram perda óssea significativa (p< 0,001). A DMO apresentou diferença significativa com relação a idade (p= 0,02) e VHS (p=0,049). Os pacientes na fase ativa da doença tiveram DMO significativamente reduzida (p< 0,001). Houve correlação entre a ingestão de zinco e cálcio e a DMO do colo do fêmur (p= 0,035; p= 0,032). CONCLUSÃO: A partir dos resultados deste estudo, pode-se concluir que a baixa ingestão de cálcio e zinco, bem o uso de glicocorticóides na fase ativa da doença e a idade favorecem a perda óssea.