Heliothrips Haliday, 1836 é um gênero que atualmente compreende cinco espécies descritas válidas. Estas apresentam uma significativa importância biológica e econômica, pois podem comprometer a produção de plantas ornamentais e frutíferas de interesse comercial. As espécies são nativas da América do Sul, mas com H. haemorrhoidalis registrada em todo o mundo e H. longisensibilis reconhecida atualmente na Argentina, Brasil e China. O Brasil, em que somente H. ardisiae não está registrada, abriga a maior riqueza relatada. H. longisensibilis, última espécie do gênero a ser descrita, na China, atualmente está amplamente distribuída no Brasil nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste e recentemente foi registrada também na Argentina, locais em que havia sido identificada somente H. haemorrhoidalis. Esta, no entanto, é encontrada no Brasil apenas nas regiões sul, sudeste e áreas do litoral Nordestino, todos no bioma Mata Atlântica. Até o presente estudo, o status de espécie única de H. longisensibilis permanece como incógnita, pois existem variações morfológicas que sugerem a existência de espécies polimórficas ou complexo de espécies. Dada a notável diversidade de Heliothrips nas Américas, em específico no Brasil, juntamente com os desafios inerentes à classificação taxonômica imprecisa neste grupo, torna-se de suma importância a realização de uma análise taxonômica abrangente e aprofundada no grupo. Portanto, esse trabalho objetivou realizar uma revisão taxonômica do gênero nas Américas empregando dados morfológicos e moleculares. Dessa forma, pretendeu-se certificar os registros presentes na literatura, discutir se Heliothrips longisensibilis apresenta uma diversidade críptica e esclarecer dúvidas acerca de sua distribuição nas Américas. O estudo morfológico foi conduzido por meio do exame de lâminas permanentes, sob microscopia óptica. Posteriormente, foram tiradas fotomicrografias para ilustrar os resultados. Os dados moleculares foram obtidos das plataformas digitais Genbank e Barcode Of Life Data Systems, além de sequencias geradas em parceria com os laboratórios de Conservação e Utilização de Biorrecursos, da Universidade Agrícola de Yunnan (China) e de Genética Molecular da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB -Jequié, Brasil). A partir de dados morfológicos, foi possível a descrição de uma nova espécie e a sinonimização de Heliothrips longisensibilis Xie, Mound & Zhang, 2019 syn. n. com Heliothrips angustior Priesner,1923 stat. rev. Além disso, é disponibilizada a discussão de variações morfológicas de H. angustior e H. haemorrhoidalis buscando esclarecer a taxonomia e sistemática desse grupo. Por outro lado, as análises moleculares baseadas nos métodos de Neighbor-Joining (NJ), Máxima Verossimilhança (ML) e Inferência Bayesiana (BI), juntamente com algoritmos de delimitação permitiu a delimitação de 13 Unidades Taxonomicas Operacionais Moleculares (MOTUS), incluindo os haplótipos de Heliothrips angustior stat. rev., que apresentam diversidade críptica, e compõem um complexo de espécie em que a morfologia desses indivíduos não foi resolutiva, pois não segue um padrão.