As tartarugas marinhas são animais de extrema importância para a manutenção da vida nos oceanos. Por serem migratórias, auxiliam na transferência de energia e nutrientes entre os ambientes que percorrem. Além disso, escolhem lugares específicos para sua reprodução e alimentação, retornando aos mesmos ao longo de seu ciclo de vida. Muitos estudos foram realizados visando um melhor entendimento acerca da reprodução desse grupo, deixando em carência trabalhos voltados para suas áreas de alimentação. Trabalhos como estes podem auxiliar no conhecimento de ocorrência e distribuição dessas áreas, contribuindo com planos de conservação dessas espécies. Uma abordagem que cada vez mais vem se mostrando eficiente é a utilização modelos estatísticos. Diante disso, o presente trabalho tem por objetivo mapear e modelar áreas de alimentação de três espécies de tartarugas marinhas ocorrentes na costa semiárida do Brasil (a tartaruga-cabeçuda Caretta caretta, a tartaruga-de-pente Eretmochelys imbricata, e a tartaruga-verde ou aruanã Chelonia mydas), apontando possíveis fatores ambientais e biológicos que determinam a escolha das áreas por cada espécie individualmente. Para isso foram utilizados dados de telemetria (imagem por satélite) colhidos na literatura, dados das condições oceanográficas extraídos da base de dados do BioOracle e dados dos tipos de substratos presente na costa semiárida. Após a compilação desses dados, eles foram integrados em um sistema de informações geográfica (SIG) através do software QGIS e através do programa R foram feitas análises estatísticas (análises discriminantes e modelos de distribuição de espécies) para explicar a ocorrência de cada uma das espécies de tartarugas marinhas com base nas condições ambientais das áreas de forrageio. Os resultados sugerem que existe uma separação espacial bem-marcada entre as espécies estudadas. As tartarugas-verdes se alimentaram mais próximo da costa, em áreas de águas com maiores concentrações de nutrientes; as tartarugas-cabeçudas forragearam em áreas mais profundas, em águas transparentes e menos produtivas; e as tartarugas-de-pente ocuparam uma posição intermediária. Portanto, os resultados do presente estudo fornecem dados da distribuição das áreas de alimentação de tartarugas na costa semiárida brasileira, que por sua vez podem auxiliar na criação de planos e delimitação de áreas importantes para a conservação das espécies de tartarugas marinhas.