As ascídias constituem um componente importante das comunidades de macroinvertebrados
bentônicos do litoral do Brasil. Apesar dos esforços dos pesquisadores, ainda há lacunas no
conhecimento das comunidades de ascídias no litoral brasileiro, como é o caso do Estado do
Piauí, um dos componentes da Costa Semiárida do Brasil (CSB), juntamente aos Estados do
Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão. Dentre os ambientes que compõe a costa brasileira
está o campo de matacões, que até o momento, era desconhecido para a CSB. A falta de
informações a respeito dos campos de matacões, e a influência que essa morfologia exerce sobre
a comunidade intertidal, evidencia a importância da caracterização desses ambientes para a
zona costeira do Brasil. Assim, o presente trabalho tem por objetivo principal conhecer a fauna
de ascídias do Piauí e investigar os principais fatores que influenciam o desenvolvimento das
comunidades bentônicas nos campos de matacões do Piauí, buscando ser um primeiro estudo
que busca caracterizar esse tipo de ambiente na CSB. Para o levantamento da biodiversidade,
foram realizadas coletas em sete das oito praias do litoral piauiense. São descritas vinte espécies
de ascídias, das quais nove representam novas ocorrências para a costa do Piauí. A fauna
bentônica séssil na área de estudo foi investigada por meio de fotoquadrados obtidos entre os
meses de novembro de 2020 e março de 2021. As fotos foram analisadas utilizando-se o
programa ImageJ, no qual foram estimados a área dos matacões, além do número de espécies
da fauna séssil, a área de cobertura dessas espécies, a diversidade de Simpson (1-D) e pontos
de contato que indicassem interações competitivas. O campo de matacões estudado abriga uma
fauna bentônica séssil composta majoritariamente de ascídias e esponjas. A composição
rochosa é relativamente homogênea, principalmente nas áreas mais baixas do campo
rochoso. A composição de ascídias e esponjas foi influenciada positivamente pelo tamanho dos
matacões, onde as maiores coberturas médias foram encontradas em rochas maiores, que
também suportaram uma maior riqueza de espécies. O lado exposto do campo de matacões
abrigou uma maior riqueza e abundância de espécies de ascídias, enquanto o lado abrigado
sustentou mais esponjas. A força da competição na estruturação dessas comunidades é
relativamente homogênea, e não parece ter sido fator preponderante para as variações de
biodiversidade e composição observadas, no entanto, são necessárias investigações futuras de
médio e longo prazo a fim de esclarecer melhor o papel das interações competitivas na dinâmica
da comunidade.